sábado, 29 de junho de 2013

Papo reto com o "expert" Rafael, dá lhe.....






Dary: Como você vê as produções do cinema brasileiro atual?
Rafa: Bem, primeiro que eu nem vejo. Detesto esse “cinema nacional” que estão fazendo hoje. A maioria deles, principalmente as comédias, como tem o apoio da Globo Filmes, não são nada mais do que uma extensão para a telona, daquela bobajada da Zorra Total e dos humorísticos em geral, da telinha global. Pouca coisa escapa. Esses “baseados”  no Renato Russo são bons. Alguns do Selton Mello, que também já está perdendo a mão, também dá pra assistir. Mas, desde “Central do Brasil” não fizemos mais nenhum grande filme, com uma estória universal, que qualquer um em qualquer país, se identifique.  O problema  é que cineasta brasileiro adora idolatrar a fome, a miséria, a favela, o bandido... faz filme pra “se penitenciar”. Isso até interessou lá fora, em certo momento mas... já passou. Eles lá, os estrangeiros já conhecem o Brasil. Não precisam mais desta “propaganda”. Ah! Só quero deixar claro que não tenho nada contra a Globo, aliás, não tenho nada contra ninguém.
Dary: E dos filmes em geral?
Rafa: Vejo assim: hoje temos duas correntes, o ‘cinemão’ e o que eu chamo de ‘cineminha’. O cinemão é esse que “passa no cinema”, que todo mundo assiste, comenta, fala, discute, sai em revistas, concorre ao Oscar... é o cinema comercial. Feito pra ganhar dinheiro. São produções milionárias e que atualmente, recorrem mais do que nunca aos “efeitos especiais” e ao computador. Como o intuito é o lucro, o visual é mais importante que o conteúdo. Nada contra, eu adoro! Apesar disto, mesmo dentro desta “filosofia” são feitos grandes filmes como “O Artista” e “Hugo Cabret” por exemplo... Esse tipo de cinema é legal e está conectado com a nova “velocidade” do espectador. O vídeo game e a internet apertaram nosso passo, e o cinemão vai  junto. Já o Cineminha, que eu chamo assim com carinho tá? ...o cineminha são filmes feitos com orçamento reduzido, que não tem grandes produtores associados e nem muita grana em caixa. Por isso, exploram a criatividade, escolhem temas mais universais e estórias mais realistas. São filmes que usam mais a visão “humana” do diretor e o talento máximo dos atores, pra compensar a falta de todos os outros recursos que o cinemão tem. E é desse filme que eu gosto mais. É aquele que você não esquece. Os anos 80 foram o auge deste tipo de produção. Daquela leva sairam filmes que hoje são Cult: MAD MAX, BAGDAD CAFÉ, O CASAMENTO DE MURIEL, A EXCÊNTRICA FAMÍLIA DE ANTONIA, A FESTA DE BABETTE, por exemplo. Atualmente estas duas correntes estão andando meio que lado a lado. Olha, não importa que tipo de filme você goste, qualquer um é legal. Acho  o seguinte: A GENTE GOSTA DO QUE GOSTA e não do que alguém acha que a gente deveria gostar... Para ilustrar... eu passei (e perdi...)muito tempo da minha vida, ouvindo músicas, lendo livros e assistindo filmes... só porque todo mundo gostava... mas eu NÃO! Daí, um dia e eu acordei e disse: “UKÊÊÊ????” Libertei-me! (risos)
Dary: Em relação à música sertaneja, veio mesmo pra ficar?
Rafa: Espero que não!!! (risos) Olha, sertanejo mesmo, nunca teve. Teve aquela onda  que começou nos anos 90 e que era “inspirada” nesse gênero. Nunca foi sertanejo. Era um “new brega”, um ‘estilo’ novo. Como eram cantores que nasceram no ambiente sertanejo, resolveu-se batizar aquela música de “sertaneja”. Na verdade ela não foi uma novidade, foi um retrocesso. Nada mais é do que aquela música brega dos anos 70 com arranjos contemporâneos. Quem viveu os  anos 70 deve lembrar de Gilberto Braga, Fernando Mendes, Paulo Sérgio, Diana, Joelma e de dois sobreviventes que chegaram até os 90, Odair José e Gilliard...eles já cantavam naquela época o que os “sertanejos” da nova “era era” começaram a cantar;  com um viola beeem lá no fundo pra dar um clima... ou “fora de foco” na abertura, pra justificar... O que se chama hoje de sertanejo, não o é. Tanto que já arranjaram até outro adjetivo: “universitário”... Bem, a pergunta é se eu acho que veio pra ficar, né? Claro que sim! Mas como não é uma coisa estratificada como o rock ou o jazz por exemplo, já já, dá lugar pra outra descoberta que agrade ao gosto mais, digamos,  popular. Felizmente pra quem gosta e  não, pra quem não gosta. Eu prefiro outro tipo de música. Mas respeito o gosto de cada um. Sou democrático, Dary, você sabe! 
Dary:  E o rock volta?
Rafa: Por que? Ele saiu??? (risos) Meu Deus! O rock nunca saiu de cena! Aqui no Brasil ele ficou meio ofuscado no meio de tanta “música brasileira” surgindo de 5 em 5 minutos... Olha, tem coisas que NUNCA acabam, tipo arroz e feijão, chopp, hot-dog, coca cola... rock, jazz, soul  music, samba raiz... Há momentos. Momento pra tudo. Às vezes está mais favorável para um hot dog com coca cola e outras, feijão com arroz e guaraná... Vejo assim. Olha só, O Mick Jagger ele é bem mais velho do que eu!!! E eu tenho mais de 50! O cara tá lá, encarando shows pelo mundo todo e lotando tudo! E a energia do cara? Parece uma mocinha!!! (risos) Agora mesmo, o Black Sabbath pela primeira vez em mais de sei lá, uns 40 e poucos anos de estrada, está no topo da parada  Billboard com o novo disco... Mettalica tá na ativa, firme e forte... Acontece que no Brasil não tem banda de rock. Tem banda que imita banda americana, esses roqueiros aí não tem identidade, você escuta um e acha que é o outro. É tudo igual. Quer saber? Agora que eu me toquei. O disco de rock brasileiro mais original, mais contemporâneo, mais genial que eu tenho e escuto sempre é o SECOS & MOLHADOS vol 1... Pô, os caras inspiraram aquele produtor americano a criar o KISS! Quer o quê? O KISS é cópia do SECOS & MOLHADOS! É mole??? E os Capital Inicial da vida inspiraram o quê? O RESTART??? (gargalhada)... Música brasileira pra mim é um problema. Nunca escuto agora, deixo pra ouvir depois. Depois que passou a onda, depois que saiu da trilha da novela, depois que parou de tocar em tudo que é lugar. Daí é que vou saber se gosto ou não. Geralmente não gosto. Mas escuto. Respondendo a sua pergunta: o rock não voltou porque nunca saiu... tá sempre aê, firmifórti!!
Dary: E a geração da música eletrônica?
Rafa: Ah, bom essa é mais a minha onda, mais que o rock até.  Sabe, eu curto música eletrônica desde os anos 70. E foi por causa do rock. Eu era bem novinho, fim do movimento hippie, paz e amor, aquela onda toda, morava em Cambará, norte do Paraná e tinha um amigo o Jorginho que era roqueiro. Com ele aprendi a ouvir rock. Na época era Creedence, Queen e todos os outros do rock progressivo, que era a grande onda. Um dia rolou na vitrolinha o Rick Wakeman e “Journey to the Centre...”  Fui atrás! Daí quis saber tudo sobre aquele som, acabei chegando  nos avós da música eletrônica de hoje , o Kraftwerk, Tomita, Jarre depois o Giorgio Moroder, o Cerrone... Esses  caras formataram a dance music e a eletronic music de hoje. Merecem respeito. Eu gosto de muita coisa da música eletrônica pra dançar e gosto muito da geração que curte essa onda... (risos) mas gosto mais do outro lado da música eletrônica, que não é muito conhecida, que experimenta e descobre novos instrumentos e sons pra trilha sonora do século... 22...(risos) Eu sou assim, hoje, gosto sempre de estar amanhã... entendeu?

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